"Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos. O mais moço
deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes,
pois, os seus haveres. Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo,
partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo
dissolutamente. E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande
fome, e começou a passar necessidades. Então foi encontrar-se a um dos cidadãos
daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E
desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém
lhe dava nada. Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm
abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu
pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de
ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. Levantou-se, pois,
e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de
compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. Disse-lhe o filho:
Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu
filho." (Lucas 15:11-21)
Na
cultura judaica da época de Jesus, a família era baseada no formato patriarcal.
O pai possuía uma imagem muito forte na sociedade. O pai judeu era a figura do
pai dono da fazenda, do pai patrão, aquele pai que é senhor da família, todas
as decisões giravam em torno dele. Nenhum dos filhos ousaria questionar sua autoridade, sob
pena de ser deserdado, banido do seio familiar e de suas heranças. Além de ser
mal visto por toda comunidade vizinha.
Jesus
em seus ensinamentos apresentava Deus como o Pai celestial. Isso ia de encontro
à imagem do pai "severo" da cultura judaica, pois Jesus tratava com
amor todos os pecadores.
No
capítulo 15 de Lucas, vemos que em resposta a estas murmurações, Jesus começa a
contar uma série de parábolas que descrevem o caráter do "Pai Celeste".
"E disse: certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai:
Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a
fazenda... E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu
para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo
dissolutamente." Lucas 15:11-13
A
primeira característica, que o filho pródigo apresenta, é um rompante de autodeterminação.
Ele quer ser o dono de sua vida, dono de seu destino. Ele quer ter o poder de
decidir o que fazer com sua vida, da forma que lhe agradar, da maneira que lhe
convier. Quer decidir com quem sair, aonde ir, a que horas voltar e se voltar
pra casa. É o tipo "eu sou dono do meu nariz e faço o que quero com minha
vida". Muitas pessoas tem ainda esse tipo de rompante. Querendo viver suas
"próprias vidas", recuperando o "tempo perdido".
Literalmente "chutam o balde", partindo em busca de prazer.
A
segunda característica desse filho pródigo é a tentativa de se afastar ao
máximo, para um lugar onde os ecos da voz do Pai não pudessem constranger o seu
modo de viver. E assim o filho pródigo vai de prazer em prazer, de farra em
farra, de prostituta a prostituta, de motel em motel, de bebedeira em
bebedeira. Gastando e consumindo tudo o que tem, procurando mais prazer, no
culto ao corpo, no culto de si mesmo. Na procura de uma felicidade, uma
satisfação de seus próprios instintos, cria quase que um buraco no peito, que
segue devorando todos os seus recursos físicos e psicológicos. Uma tentativa
desesperada de preencher esse vazio. Porém há limites para o prazer humano. Há
limites para o prazer carnal. Uma vida de culto ao corpo e ao prazer nunca
poderá trazer a verdadeira felicidade.
Quando
tudo é consumido, quando todas as reservas materiais acabam, os amigos somem. Acabou
cuidando de porcos, desejando se alimentar da comida dos porcos, porém ninguém
lhe dava nada! Assim é o mundo, não nos enganemos!
A
salvação do filho pródigo passa pelo reconhecimento de sua condição: Jesus
narra que este filho pródigo "cai em si". Isto é, ele pensa "o
que eu estou fazendo aqui meu Deus?". Ele volta ao "eixo" da
vida. E este "cair em si" é algo que satanás tenta de todas as formas
evitar que aconteça com o ser humano. Ele cega o entendimento dos homens para
que eles continuem respondendo somente a instintos e vontades carnais e nunca
reconheçam o seu estado pecaminoso. Porém, o filho pródigo, ao menos se
lembrava do pai como pai, e acreditava na possibilidade da misericórdia.
Nesta
volta do filho pródigo, podemos perceber claramente a compaixão do pai, no caso
Deus, o criador do universo. Deus está sempre pronto a ouvir qualquer um de
seus filhos, mesmo aquele que, movido pela sua ignorância, acabou se afastando.
Contudo, basta uma demonstração de arrependimento sincero, que Ele já está
prestes a nos receber em Seus braços.
“Filho,
tu sempre estás comigo, tudo que é meu é teu". Esta é a resposta do pai,
ou seja, Jesus afirma que Deus é nosso Pai. Não o pai que os fariseus
acreditavam, mas sim um Pai que diz: "Filho, tu sempre estás comigo, tudo
que é meu é teu". E festeja essa volta com toda alegria de um Pai que
aguardava ansioso esse filho, de um Pai que nunca desiste dos seus.
Talvez
conheçamos Deus como Senhor, como juiz, como fogo consumidor, como criador de
tudo. Realmente Deus é isso tudo, porém antes de tudo, ele é PAI! Um Pai
misericordioso! Um Pai de Amor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário